Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual concluída hoje (26) revelou um esquema de desvio de munições da Polícia Militar do Rio de Janeiro para quadrilhas armadas do estado. O esquema envolvia um cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e criminosos do Complexo do Alemão, na zona norte da cidade do Rio.
As investigações começaram em fevereiro deste ano e levaram à apreensão de 2.400 munições de fuzis e pistola, que estavam com um casal na cidade de Itaboraí, na região metropolitana do Rio, no último dia 16. A partir daí, os policiais descobriram o envolvimento do policial e de criminosos da facção criminosa que controlava a venda de drogas no Alemão.
Segundo o chefe do Núcleo de Operações da Delegacia de Repressão ao Tráfico de Armas da Polícia Federal, Délcio de Luca, um rastreamento das munições apreendidas mostrou que grande parte vinha da própria Polícia Militar do Rio.
Segundo o delegado, o grupo criminoso negociava também fuzis e pistolas, possivelmente provenientes de apreensões feitas por policiais durante operações em favelas fluminenses.
De acordo com a Polícia Federal, as armas e munições negociadas pelo grupo eram repassadas a criminosos que fugiram do Complexo do Alemão, durante a ocupação da favela pelas Forças Armadas em novembro de 2010, e que hoje atuam em outras comunidades da própria cidade, como a favela do Arará, na zona norte, e de outras cidades da região metropolitana, como São Gonçalo e Itaboraí.
Dois criminosos que participavam do esquema de compra e venda de armas e munições ainda continuavam inclusive no próprio Complexo do Alemão, onde foram presos hoje pelos policiais federais.
Segundo o promotor de Justiça Antonio Carlos Pessanha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, o esquema criminoso é mais uma prova de que bandidos de favelas do Rio de Janeiro ocupadas por unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão migrando para outras áreas, como Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. De acordo com o promotor, o fenômeno é preocupante para a região.
Edição: Nádia Franco
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