quarta-feira, 10 de agosto de 2011

COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR ADMITE ERROS NA AÇÃO CONTRA SEQUESTRADORES DO ÔNIBUS – MAS PREFERE RESSALTAR OS ACERTOS.


Lições precisam ser aprendidas e incorporadas ao dia a dia. O caso do 174 levou a uma nova visão de que como se deve agir em casos desse tipo. Os reféns, sãos e salvos são o primeiro e mais importante objetivo, a vida dos policiais também precisa ser preservada, depois, se possível, prende-se o criminoso, ou, em caso extremo, emprega-se contra ele a força que se fizer necessária.

Polícia boa é que dá pouco tiros ou apenas os inevitáveis.

O Coronel Mário Sérgio, Comandante Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, admitiu que alguns policiais que participaram da operação para cercar e deter os assaltantes que seqüestraram um ônibus na Avenida Presidente Vargas na noite de ontem, agiram “fora do protocolo” ao realizar “disparos” que provavelmente acabaram por atingir as vítimas que estavam em poder dos bandidos. O Coronel admitiu ainda que, os criminosos não realizaram disparos no interior do veículo.

Mário Sérgio preferiu, porém, ressaltar que três dos quatro assaltantes foram presos, um inclusive após perseguição por policiais que utilizaram um veículo particular para persegui-lo, o que seria segundo o Coronel, outra ação fora do “protocolo”.

Admitir o erro de forma clara, sem procurar colocar o que houve de acerto como contraponto seria a atitude correta, esperada de alguém na posição do Comandante da PM.

A declaração é infeliz, principalmente quando se sabe que uma jovem senhora se encontra entre a vida e a morte no CTI do Hospital Souza Aguiar, onde respira por aparelhos.

Disse o Coronel:

 “Nós sabemos que não podemos atirar, salvo em legítima defesa. A rigor, aqueles tiros não deveriam ter acontecido. Os tiros poderiam ter saído mais alto do que o esperado. Mas foi isso que acabou promovendo a parada do ônibus”.

Tivessem os policiais mais treinamento, preparo e condições psicológicas, fosse o protocolo da PM um instrumento de  “valorização da vida e preservação da integridade do cidadão”, e os tiros seriam em menor número e co muito mais cautela e comedimento, na busca de serem certeiros, apenas nos pneus. Poderia até ser admitido que um pequeno desvio dos tiros ocorresse, mas, nunca na quantidade de 16 perfurações, quando é sabido que de dentro para fora não houve qualquer tiro, portanto nenhuma ameaça de fato a vida dos policiais.

Felizmente, o estrago foi menor do que a saraivada de balas poderia causar, e a lamentável constatação de que as pessoas escaparam dos bandidos, mas, não escaparam do “desvio protocolar” dos PMs, não atingiu mais ainda a já tão combalida imagem da força policial.

Falta ao policial tudo. Ele ganha mal, trabalha em excesso e não possui o suporte necessário em termos de emocional e treinamento, para poder enfrentar situações desse tipo de forma severa e com emprego da força apenas necessária. Declarações do tipo que o Comandante da PM fez, apenas servem para perpetuar a visão distorcida e perigosa, de que os meios empregados, justificam os fins.alcançados, ainda que inocentes paguem com a vida.

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