JUSTIÇA ?
Certas situações não podem ser classificadas simplesmente como erro. Esta, da presente matéria é uma delas. Invadir um prédio, entrar em apartamento de madrugada, nem com mandado se faz isso, conduzir um menor até a Delegacia e ainda forjar um reconhecimento, que segundo a vítima, nunca existiu, não pode ser classificado como erro.
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Pior, estão mantendo o menor nesse antro que se chama FUNDAÇÃO CASA do Estado de São Paulo. Apesar das fartas provas que as imagens do prédio fornecem, mostrando que o menor não saiu da porta de seu edifício e não participou de nenhum assalto.
LEIA a matéria e pense: E SE FOSSE SEU FILHO ?
EXCLUSIVO: PM invade apartamento de madrugada para deter inocente. Justiça mantém adolescente preso
José* tem 17 anos, estuda no 1º colegial no Caetano de Campos, usa alargador na orelha, trabalha como garçom para ajudar a mãe e anda sempre de skate na Praça Roosevelt. Ou melhor: andava. No dia 29 de abril, ele foi internado na Fundação Casa, acusado por um assalto a mão armada em que há provas de sua inocência. Apesar de não ter cometido o ato infracional, José segue internado até hoje: ele é culpado por ser jovem, negro e subcidadão em uma democracia injusta e sem controles.
Para que José fosse detido injustamente, uma série de arbitrariedades e erros foi cometida por representantes de diferentes instituições. Primeiro, na madrugada de 17 de março, policiais militares invadiram o apartamento da família de José com base em rumores imprecisos e sem mandado judicial. Levaram o adolescente ao 78º Distrito Policial dos Jardins, onde o delegado, que deveria se preocupar com a investigação, pouco fez para elucidar o erro. O promotor não só engoliu a farsa como passou a fazer parte dela, pedindo a punição severa do jovem inocente. O juiz da Vara da Infância sentenciou José por ato infracional correspondente a roubo duplamente qualificado, sem prazo para sair.
A história de José revela as mazelas do sistema de segurança pública e de Justiça paulista, que prende principalmente a partir de flagrantes, baseando-se muitas vezes em investigação e provas frágeis.
José havia descido para fumar pouco depois da meia-noite. As 19 câmeras de vigilância de seu prédio mostram com detalhes sua movimentação naquela noite. Ele desceu duas vezes para fumar, sempre de pijama (cueca samba-canção) e chinelos. Perto da 1 hora da madrugada, quando a batida com o carro roubado ocorre, as câmeras em frente do edifício pegam de longe alguns jovens correndo da PM. José fumava tranquilamente, observando a cena.
O absurdo da situação continua a crescer. José e o outro jovem ficam de pé em frente ao seu prédio. Um carro com insulfilm passa em frente aos dois. Segundo os policiais, as testemunhas reconhecem José como autor do assalto e como o responsável por carregar a arma e ameaçar as vítimas durante o roubo. O reconhecimento depois foi desmentido por uma das vítimas. Mas foi o que bastou para que que policiais, promotoria e justiça começasse a acabar com a vida do adolescente.
José ficou incialmente cinco dias detido. Recebeu liberdade provisória, apesar dos insistentes pedidos do Ministério Público para que ele continuasse privado de liberdade. Inicialmente, a Vara da Infância reconheceu a fragilidade das provas. Só que a sentença condenatória foi implacável. A internação de José foi determinada no dia 29 de abril. Walmira passou o Dia das Mães dentro da Fundação Casa e recebeu de presente uma toalhinha de rosto feita pelo filho. Ao narrar a injustiça contra o filho, a lembrança do agrado recebido na data festiva a faz cair no choro. São Paulo é capaz de injustiças que nem todas as mães do mundo juntas são capazes de evitar
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